(ou: Mudar ferramentas, para não precisar começar tudo novamente)
Algumas vezes já fizemos referência
a um vídeo institucional do Bradesco, cujo bordão é muito válido,
apesar de – no contexto – a instituição bancária não merecer
todos os confetes da festa...
“É preciso entender, para atender”,
frase focada em mostrar, num todo, a essência da boa venda de
quaisquer produtos ou serviços.
Num tempo de “crise”, quando todo
mundo não está com o burro na sombra e até a água fresca nos
falta nas torneiras do cotidiano, qualquer tipo de incomodo pode
promover o desagrado das pessoas. Claro existirem as pacientes ao
extremo, mas nos referimos, neste momento, àquelas tantas cuja
oportunidade de apreciar produtos, nas lojas da cidade ou até mesmo
do nosso único shopping, se torna exígua por força da abordagem
“de supetão”.
Basta a pessoa adentrar alguns passos
em qualquer loja e já vem alguém com a ensaiada “olá, posso
ajudar?”.
Ajuda muito quem não atrapalha.
E esse tipo de abordagem pode ser um
tacho de água fria na decisão de compra do freguês ou do cliente.
Daí você levanta a “lebre”: “Ué,
freguês e cliente não são a mesma coisa?”.
Então, modestamente, peço licença
para citar o articulista da Exame, Ricardo Araújo. O moço, mesmo
respeitando a função de sinônimos, difere freguês como sendo
aquele o qual, mesmo quando o produto ou serviço não o agradam
plenamente, muito menos o preço, continua comprando do fornecedor
por amizade ao mesmo, simpatia à marca ou qualquer outro fator de
ligação.
Já o cliente, para Araújo, é aquela
pessoa exigente, ponderada, capaz de se decidir em mudar para o
concorrente caso o produto ou serviço não atendam suas
expectativas, o preço seja diferente ou o atendimento seja
desagradável. Daí, o cliente muda de fornecedor, mesmo em se
considerando possível amizade com o antigo fornecedor.
Então, atendimento é isso: entender
a necessidade, entender as diferenças entre pessoas, entender o
valor do direito de escolha, entender, entender, entender.
Principalmente entender de conter a ansiedade dos vendedores.
comissionados ou não.
É urgente uma reconsideração sobre
a técnica de abordagem, para o fornecedor não levar bordoadas com a
desistência de compra por parte do consumidor.
“Olá, posso ajudar? Qualquer coisa,
meu nome é Jéssica!”. O cliente, ou até mesmo o freguês, quando
entram num estabelecimento, acreditam merecer o conforto de passear
pelos corredores e deixar seu bom gosto se manifestar.
Ninguém entra em um estabelecimento
com olhos fechados. Simplesmente por ter necessidade de satisfazer,
pelo menos, sua curiosidade.
Alguns vendedores, inclusive, têm a
péssima mania de aumentar a frase de abordagem, mais ou menos assim:
“Olá, posso ajudar? Veio gastar um pouco?”.
Daí, figurativamente, dá vontade de
cair da cadeira de tanto rir.
Se alguém vai a um estabelecimento
comercial, não vai para gastar. No mínimo, vai para apreciar a
qualidade e estimar os preços. Não há, no vocabulário moderno
brasileiro, a conjugação do verbo gastar, por motivos
exacerbadamente óbvios.
Respeitamos o trabalho de cada
vendedor, como acreditamos na positiva política interna de todas as
empresas.
Transparece, salvo erro de
interpretação, o desespero dos empregados em produzirem recursos de
atingirem metas, motivo de assediarem imediatamente cada pessoa.
Aliás, metas são verdadeiras ferramentas de pressão, pois são
reajustadas quase todos os meses. Não deveriam, inclusive, ser fator
de avaliação de desempenho e produtividade.
Numa loja de calçados, por exemplo,
peça para experimentar um produto qualquer, já determinando
modelo, cor e tamanho. O atendente vai lhe mostrar, pelo menos, três
modelos e cores diferentes antes do qual foi solicitado. Segundo uma
vendedora de uma loja de shopping, a gerência obriga isso. Os
vendedores são orientados a voltarem do depósito com, pelo menos, quatro caixas de sapatos.
Particularmente já aviso a quem me
atende sobre o modelo desejado. Se não houver disponibilidade no
estoque, nem deve trazer outras opções. Seria perda de tempo das
duas partes.
Então, em tempos de vacas magras,
quando se busca tirar leite de pedras, bom seria, para os dirigentes
lojistas, apreciarem um formato mais simpático para o receptivo aos
clientes. Vale lembrar a possibilidade de o concorrente já ter
percebido essa “janela” e sair na frente com as mudanças.
Só para fechar: pipoca não é brinde
de loja interessada em manter a fidelidade do cliente. É bom pensar
na formatação de preços, adequação do atendimento, upgrade na
programação visual.
Além disso, preços finalizados nos
famigerados 99 centavos devem ser abolidos. O arredondamento não
seria um modo pelo menos deselegante de tirar mais dinheiro do
cliente, pelo simples fato de o mesmo ser pessoa pacata e não gostar
de discussões com o caixa?
É a minha Opinião.
Marcos Ivan de Carvalho, Mtb 36.001
Jornalista Independente.
Uma questão interessante, amigo Marcos Ivan.
ResponderExcluirEm (mínima) defesa do vendedor, cabe ressaltar que poucos, muito poucos, tiverem ao longo de qualquer espaço de suas vidas algum tipo de orientação. Acredito que pouquíssimos frequentaram qualquer curso para vender e atender numa loja. Cai-se de paraqueda na loja. É trabalho. Trabalho honrado. Dificílimo, como você mesmo coloca.
Sem falar que há comprador que não tem a mínima educação e acaba com o vendedor em pouquíssimos segundos!
Em época de vacas bastante magras, onde captar a atenção do consumidor é essencial, cabe, ao meu (singelo) entender, uma boa orientação do proprietário da loja/da rede. Não custa muito instruir com carinho. O vendedor interessado em manter seu emprego, fará tudo para considerar as ponderações.
Na certeza de que toda crise é passageira, um forte abraço.
Estimada amiga Renate, que bom "vê-la" novamente!
ResponderExcluirGrato pelo comentário.
Abraços também ao Árpád.
Entro em contato via email, ok?
Deus esteja com vcs, sempre.